Símbolos do verdadeiro natal

 

 

.., e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lucas 2:7).

 

Não, não temos a intenção de argumentar e declarar impróprios os diversos “símbolos natalinos” cuja origem são, essencialmente, os países nórdicos europeus e asiáticos, usados em todo o mundo. Para nossa surpresa, atualmente, até mesmo em países tradicionalmente islâmicos.

Não temos a intenção de falar sobre “São Nicolau”, das renas e trenó voadores, dos presentes para as crianças colocados sob o carvalho sagrado de Odin. Nem do monge beneditino que, depois de sua falida tentativa de cortar um pinheiro sagrado no alto de um monte na Turíngia para encerrar uma “prática pagã”, resolveu fazer um sincretismo com a Trindade cristã.

Acredito que já há bons artigos escritos por pessoas sérias que podem apontar a origem de cada um desses “outros símbolos de natal” dos diversos natais do mundo atual. Por exemplo, o natal do consumismo, onde os que o promovem só querem o lucro das compras de “natal”. Ou o natal da caridade (não que seja errado atos de caridade), mas falo daqueles que só preocupam com o próximo em “datas especiais”.

Também sabemos que nos Evangelhos e nem em quaisquer outros textos que tratam da história de Jesus Cristo há evidência de que Jesus tenha nascido no dia 25 de dezembro, sendo assim não vamos nos ater no porquê escolheram essa data. Se ela é oriunda de sincretismo religioso, filosófico, cultural, não importa, pois, de fato Jesus Cristo nasceu e mudou a história da humanidade, e isso é inegável!

Então, deixemos os símbolos de natal que povoam o imaginário popular dentro de sincretismos e lendas, para falarmos dos que são históricos.


 

 

O que são símbolos

 

Segundo o dicionário online, para a palavra “símbolo” temos alguns significados próprios. Pode ser “aquilo que, por convenção ou por princípio de analogia formal ou de outra natureza, substitui ou sugere algo”. Acredito que, todos os “símbolos natalinos” citados acima se classificam neste primeiro significado. O segundo significado de “símbolo” é: “pessoa ou personagem que se torna representativa de determinado comportamento ou atividade”.

E é com este segundo significado que, deixando de lado todos esses outros símbolos natalinos, te convido a meditar sobre cada um dos “verdadeiros símbolos” do Natal. Porque houve sim um natal que envolveu pessoas como personagens da “história da salvação”, verdadeiros “símbolos” reais de fatos acontecidos e registrados.


 

 

O Anjo – mensageiro especial

 

Respondeu-lhe o anjo: Eu sou Gabriel, que assisto diante de Deus, e fui enviado para falar-te e trazer-te estas boas-novas.” (Lucas 1:19).

 

Os anjos sempre tiveram um papel importante em toda a Bíblia. Os vemos salvando pessoas, guerreando, protegendo Israel, cumprindo sentenças de Deus, entre outras coisas. Mas, não devemos nos ater a cada detalhe aqui.

O importante é saber que a história do verdadeiro natal começa com um ser celestial, um anjo, enviado a um sacerdote idoso (Lc 1:5-23). Esse anjo se auto denominou como sendo Gabriel (Lc 1:19).

Gabriel não só apareceu ao sacerdote Zacarias, mas também a Maria. Não obstante, ele já tinha aparecido ao profeta Daniel mais de quinhentos anos antes (Dn 8:15-17; 9:21).

Cada vez que aparecia, trazia mensagens importantes de Deus. Para Zacarias, Gabriel anunciou o nascimento do precursor do Salvador (Lc 1:13-17) e, a Maria, anunciou a mensagem de que ela se engravidaria pelo poder do Espírito Santo e daria à luz ao “Salvador do Mundo” (Lc 1:26-33).


 

 

Maria – A virgem desposada

 

…, foi o anjo Gabriel enviado, da parte de Deus, … a uma virgem desposada com certo homem da casa de Davi … ; a virgem chamava-se Maria.” (Lucas 1:26-27).

 

Temos que dar atenção ao termo “virgem desposada” (Lc 1:27. Mt 1:18), contido em algumas versões, e notar que ao receber a mensagem de Gabriel não pergunta: “Como eu poderia explicar a José?” Ou “Como eu poderia encarar a vergonha de ser solteira e estar grávida?” Ou ainda, “O que acontecerá comigo?” Tudo isso porque, pela Lei Judaica, ele poderia ser apedrejada.

Em vez disso, ela simplesmente pergunta: “Como será isto, pois não tenho relação com homem algum?” (Lc 1:34). Ela achou que seria um filho natural, que viria ao mundo de forma natural.

Mas, quando o anjo Gabriel explica a forma sobrenatural, um milagre (Lc 1:35-37), a resposta imediata de Maria foi: “Aqui está a serva do Senhor; que se cumpra em mim conforme a tua palavra.” (Lc 1:38).

Maria se declara “uma serva”, ou seja, aquela que se submete, que faz a vontade de seu Senhor e que coloca de lado os interesses pessoais, a fim de cumprir qualquer comissão. Ao dizer, “Eis aqui a serva do Senhor”, Maria entregou-se totalmente para fazer a vontade de Deus, seja qual fosse o preço.


 

 

José – o justo

 

Mas José, seu esposo, sendo justo e não a querendo infamar, resolveu deixá-la secretamente.” (Mateus 1:19).

 

Na cultura judaica da época, o matrimônio era realizado em três atos. Primeiro, as duas famílias firmavam o acordo da união dos filhos. Segundo, dava-se a conhecer publicamente à comunidade através do “desposório” (promessa recíproca de casamento, noivado), nesse momento o casal estava comprometido oficialmente e toda comunidade tomava conhecimento. Esse noivado só podia ser dissolvido pela morte, divórcio ou por causa de fornicação. E, terceiro ato, as “bodas”, festa do casamento, momento em que o casal passavam a viver juntos.

Quando Maria falou com José a respeito da gravidez, ele sabia que não era o pai, mas “alguém” deveria ser o pai da criança que Maria esperava, e, com certeza, foi difícil para ele aceitar que esse “alguém” era Deus segundo o relato de Maria.

Como estavam comprometidos, a aparente infidelidade da Maria, além de um estigma social severo para ambos, de acordo com as leis civis judaicas, dava a José o direito de divorciar-se e às autoridades o de apedrejar Maria até a morte (Dt 22:23-24).

Mas, em lugar de fazer uma acusação pública de fornicação, com uma possível exigência de pena máxima, José decidiu terminar com seu compromisso, fazendo-o de maneira que não trouxesse afronta a Maria. Talvez dando a Maria uma carta de divórcio (Dt 24:1; Mt 5:31) e indo embora. Tudo indica que ele tentou atuar com justiça e com amor e, “não querendo infamar Maria, resolveu deixá-la secretamente” (Mt 1:19).

Mas, Deus interviu na situação enviando um mensageiro que, durante um sonho, declara que tudo era a obra de Deus (Mt 1:20-21). José recebeu a garantia de que não precisava temer receber Maria como sua esposa, porque a sua gravidez era obra do Espírito Santo. Assim, a anunciação foi feita a José, e também a Maria. Ele, José, precisa­va disso para ser poupado do sentimento de que Maria pudesse ter sido infiel.

José obedeceu a Deus, contraiu matrimônio com a Maria. Dessa forma, ao nascer, Jesus se tornou filho José e herdeiro do trono de Davi. Sim, ter sido filho de José deu a Jesus o direito legal ao trono de Davi, pois José era um dos “filhos de Davi”, isto é, um descendente de Davi (Mt 1:6,16,20; Lc 2:4). Desta forma se cumpriu a promessa feita a Davi de que um “descendente seu” se assentaria em seu trono para governar eternamente (2 Sm 7:12-13; Is 9:6-7; 11:1-3; At 2:29-36).

Além do cumprimento dessas profecias, o Evangelista Mateus, para consubstanciar sua narrativa da concepção virginal de Maria como obra do Espírito Santo e um sinal para o povo de Israel, cita a profecia de Isaías feita 700 anos antes do nascimento de Cristo: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho, e ele será chamado pelo nome de Emanuel” (Is 7:14; Mt 1:22-23).


 

 

Belém – a cidade do Rei Davi

 

José também subiu da Galiléia, da cidade de Nazaré, para a Judéia, à cidade de Davi, chamada Belém, por ser ele da casa e família de Davi, …” (Lucas 2:4).

 

Lucas é o único evangelista que data o seu material relacionando-o com o imperador reinante: César Augusto. O primeiro imperador de Roma que reinou de 27 a.C. até 14 d.C. Desta forma, o decreto governamental forçou a José, com sua esposa Maria, grávida de Jesus, a percorrer uma larga distância só para pagar seu imposto. Mas quando chegaram na cidade não acharam lugar onde hospedar-se.

Deus controla toda a história, e pelo decreto de César Augusto, Jesus nasceu na cidade que fora profetizado por Miquéias com exatidão, centenas de anos antes de acontecer, o lugar do nascimento de Cristo, embora seus pais não vivessem ali:

E tu, Belém-Efrata, pequena demais para figurar como grupo de milhares de Judá, de ti me sairá o que há de reinar em Israel, e cujas origens são desde os tempos antigos, desde os dias da eternidade.”(Mq 5:2).

O Rei Eterno, vindo da linhagem do rei Davi, o descendente, “Raiz de Jessé” (Is 11:1-5,10; Rm 15:12) prometido, que deveria viver como homem, mas que vive desde sempre, “desde os dias da eternidade“. Mesmo sendo O Eterno, entrou na história da humanidade como um “homem” (1 Tm 2:5-6).


 

 

Manjedoura – berço do Rei dos reis

 

…, e ela deu à luz o seu filho primogênito, enfaixou-o e o deitou numa manjedoura, porque não havia lugar para eles na hospedaria.” (Lucas 2:7).

 

De maneira simples e singela Lucas relata o episódio mais importante da história universal: o nascimento do Salvador, o Rei dos reis.

Cristo nasceu numa estrebaria, onde guardavam gado, situada talvez numa caverna. A manjedoura era um cocho, uma espécie de gamela onde o gado se alimentava. O nascimento do Salvador, o maior evento de toda a História, ocorreu em circunstâncias mais humildes. Jesus, sendo o Rei dos reis, não nasceu nesta vida como rei, nem viveu como um rei aqui na terra.

A palavra “primogênito” é pronunciadamente hebraica. “Filho primogênito” corresponde ao termo hebraico bekor, uma expressão de significado particularmente jurídico, porque o primogênito hebraico (sempre que possível) tinha de ser apresentado no templo de Jerusalém, ou melhor, “resgatado do serviço sacerdotal” (Êx 13:2; Nm 3:13; 8:14-18; Lv 12:6, Lc 2:22). Lucas, portanto, já agora nos prepara, pelo significado da palavra “primogênito”, para a apresentação no templo, um relato que somente Lucas faz entre os quatro evangelistas.

Lucas assinala com destaque especial que “não havia lugar para eles na hospedaria”. Essa forma de expressão é mais ponderada do que parece à primeira vista. Se Lucas tivesse apenas a intenção de afirmar que o abrigo de caravanas (a hospedaria em si) não era capaz de acolher mais ninguém, teria bastado que escrevesse: “Não havia mais lugar na hospedaria”.

Mas, pelo fato de que a frase enfatiza que para eles não havia lugar, Lucas aponta para a condição peculiar em que se encontrava o casal, em vista da iminente hora de nascimento do menino Jesus. Por meio do fato de que para o Senhor não havia qualquer hospedaria, cumpriu-se também a palavra: “Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (Jo 1:11).

É impressionante essa grande renúncia a todos os recursos tão necessários para o nascimento de uma pequena vida humana, que na verdade merece ser colocada em um berço macio e quente, preparado por afetuosas e ágeis mãos maternas.

Três vezes ocorre a menção da manjedoura: no nascimento, na fala do anjo, e finalmente quando os pastores encontram a criança (Lc 2.7,12,16). Talvez possamos considerar a acomodação em uma manjedoura como sinal do imenso sacrifício redentor no Calvário, do qual todos os viventes se beneficiam pela fé (Mt 8:20; 2 Co 8:9; Fp 2:5-8).

Com a manjedoura, Israel, o povo eleito de Deus, deu as boas-vindas ao Messias. E com a cruz despediu-o da forma mais infame!


 

 

Pastores – que guardavam o rebanho

 

Havia, naquela mesma região, pastores que viviam nos campos e guardavam o seu rebanho durante as vigílias da noite.” (Lucas 2:8).

 

Um milênio antes disso, Davi cuidava do rebanho do seu pai nestas mesmas pastagens (1 Samuel 16:1,4,11). Entre os judeus, a ocupação de pastor era uma das mais humildes, e provavelmente por essa razão Deus decidiu revelar o nascimento do Salvador em primeiro lugar aos pastores nos campos de pastagens de Belém. Sim, os pastores foram os primeiros a receberem o anúncio celestial (Lc 2:8-14).

Estes pastores “viviam”, talvez no sentido de “moravam” em tendas ou barracas e cuidavam dos seus rebanhos, e não que simplesmente passavam o dia ou a noite com o rebanho. Alguns estudiosos, com base em uma passagem do Mishná (uma das principais obras do judaísmo rabínico, e a primeira grande redação na forma escrita da tradição oral judaica), acreditam que esses pastores estavam encarregados dos rebanhos do Templo, e que esses ficavam no campo durante o ano todo.

Não temos detalhes de quem na verdade eram esses pastores e porque estavam no “campo à noite”, mas se estiver correto a ideia de que os pastores estavam guardando as ovelhas para os sacrifícios no Templo, surge outra razão para que Deus os escolhesse para ouvir o primeiro anúncio do nascimento do Salvador. Haveria uma evidente relação simbólica com Cordeiro de Deus, que se tornou o Cordeiro sacrifical em favor dos homens (Is 53:7, Jo 1:29,36; At 8:32).


 

 

Um anjo – e uma multidão da milícia celestial

 

E um anjo do Senhor desceu aonde eles estavam, e a glória do Senhor brilhou ao redor deles; … E, subitamente, apareceu com o anjo uma multidão da milícia celestial, …” (Lucas 2:9-14).

 

A palavra traduzida como glória, quando se refere a Deus ou ao Senhor, frequentemente tem o sentido de “brilho” ou “luz“. A palavra resplendor dá a mesma ideia. Assim, foi a luz de Deus que repentinamente iluminou o campo quando o anjo apareceu.

Naturalmente “eles”, os pastores, ficaram com grande medo, uma reação ao repentino, ao esplendor e à manifestação divina na sua aparição celestial. E o anjo lhes disse: Não temais… vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo (Lc 2:10).

As novas que o anjo trouxe eram as melhores notícias que o homem já tinha ouvido. Os anjos se regozijaram naquela noite pela grande felicidade dos homens, porque a redenção não se destinava aos anjos santos, mas sim à humanidade pecadora e decaída. Estas novas eram para todo o povo.

A “boa-nova” foi: “Vos nasceu hoje… o Salvador (Lc 2:11). Esta é a palavra favorita de Lucas e também do seu companheiro Paulo. Os termos “Salvador” e “salvação” aparecem mais de quarenta vezes nos seus escritos, ao passo que aparecem raramente nos outros livros do Novo Testamento. Não é apenas o fato da chegada do Salvador que constitui as boas-novas da mensagem do anjo, mas a natureza da Sua salvação.

Fica claro que os anjos desejavam que os pastores fossem e vissem o Salvador, pelo fato de que lhes indicaram o lugar – a cidade de Davi, a própria cidade deles. Além disto, o anjo lhes deu um sinal para que pudessem identificar o Salvador: “achareis o menino envolto em panos e deitado numa manjedoura” (Lc 2:12).

Imediatamente apareceu junto ao anjo “uma multidão dos exércitos celestiais, louvando a Deus” (Lc 2:13). Esta era a função normal e a alegria dos anjos. O coro que tão subitamente acompanhou o mensageiro angelical cantou músicas celestiais que certamente tinham como tema o Príncipe do Céu. Ele tinha vindo à terra para estabelecer o Reino do Céu, e para preparar um caminho para que as criaturas terrenas pudessem tornar-se cidadãos do céu.

O “Glória a Deus nas alturas” (Lc 2:14), não era somente uma continuação, na terra, do louvor perpétuo a Deus que os anjos cantam no céu, mas um “louvor a Deus pelo Seu plano de redenção”, e especialmente pelo Redentor. Também é profético da glória que será dada a Deus através do ministério redentor de Cristo. Essa “paz na terra entre os homens, a quem ele quer bem” ou “entre os homens de boa vontade“, indica que o verdadeiro “Príncipe da Paz” (Is 9:6) veio para trazer paz ao coração dos homens, e Ele é a única esperança de paz no mundo (Jo 14:27; 16:33; Atos 10:36).

E, com o anúncio dessa “boa-notícia”, os pastores visitam o Salvador e divulgam a notícia (Lc 2:15-20).

É preciso ressaltar o paralelo do nascimento com a morte de Jesus. Enquanto os anjos louvaram a Deus pelo fato dEle oferecer a “paz na terra entre os homens” à partir do céu com o nascimento de Seu Filho como homem (Lc 2:14), quando da entrada triunfal em Jerusalém, dias antes de sua morte, mesmo sem saber, os homens louvaram a Deus “dizendo: … Paz no céu e glória nas maiores alturas!” (Lc 19:38) porque Deus se compadeceu de seu povo ao enviar o prometido Rei da Paz de Jerusalém (Is 9:6-7; Rm 5:1; Cl 1:20; Ef 2:14).


 

 

Uns magos – que vieram do Oriente

 

Tendo Jesus nascido em Belém da Judéia, em dias do rei Herodes, eis que vieram uns magos do Oriente a Jerusalém. E perguntavam: Onde está o recém-nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo.” (Mateus 2:1-2).

 

No termo “uns magos do Oriente”, a palavra grega “magos” originalmente denotava o nome dado pelos babilônicos (caldeus), Medos, Persas, e outros, a homens sábios, mestres, sacerdotes, médicos, astrólogos, videntes, intérpretes de sonhos (Dn 2:2,48; 4:6- 7; 5:7). Neste texto de Mateus usa a palavra em sentido melhor, para designar homens nobres de uma religião oriental.

Conforme nos relata a Bíblia, na antiga Babilônia vivia um profeta judeu chamado Daniel. O rei babilônico daquela época fez de Daniel o chefe de seus “magos e encantadores”. Mas Daniel não era mago nem encantador, ele era um homem que dizia a verdade, pois o Espírito de Deus estava nele (Dn 1:6-19; 2:1-49).

O Espírito Santo o capacitava a fazer profecias e a fornecer explicações de sonhos e visões de uma forma jamais vista. Daniel anunciou a futura chegada de um Rei-Salvador vindo de Israel e deixou marcas perenes na Babilônia, um tipo de “protoevangelho” fora pregado naquele império (Dn 3:23-30; 4:34-37; 6:26-28).

Não sabemos a origem exata desse “Magos”, contudo, suas perguntas, mostram que eles obtiveram alguma notificação sobre um grande Rei dos Judeus que tinha nascido. Naturalmente, eles esperavam encontrá-lo na capital da nação.

Seiscentos anos mais tarde, uma luz sobrenatural, que a Bíblia descreve como sendo uma estrela, brilhou sobre a pequena cidade de Belém, em Israel. E, esses Magos e astrônomos, que viviam longe, lá na distante e antiga Babilônia, observaram esse fenômeno celeste e, certamente se lembraram dos escritos de Daniel (Dn 9:24-25).

Associando a estrela com o nascimento do Rei prometido. Partiram imediatamente, começando uma viagem de mais de mil quilômetros, que acabaria por levá-los ao encontro do divino Rei. Os magos, possivelmente babilônios, conhecidos como os “Magos do Oriente”, viajaram até Jerusalém, capital de Israel (Sl 72:9-11; Is 60:1-6; Mt 2:1-2,9-1).

Os magos conheciam e confirmaram que em eras passadas os profetas de Israel haviam predito a vinda de um Rei-Salvador. O profeta Miqueias, 700 anos antes, chegara a profetizar seu local de nascimento: “em Belém da Judeia”. Os magos sabiam disso, por isso, não procuraram o Rei-Salvador nos palácios (Mq 5:2; Mt 2:1-12).

A tradução usual “o recém-nascido Rei dos judeus” (Lc 2:2) dá ocasião para enganos, pois induz sempre que essa história dos “magos” teria acontecido imediatamente após o nascimento de Jesus. Há, no entanto, um decurso de tempo de um a dois anos entre a história de Belém e a “adoração dos magos”.

Pois, como lemos, Herodes “mandou matar todos os meninos … de dois anos para baixo…” (Mt 2:16). Além disso, a narrativa deixa claro que a família de Jesus não vivia mais na estrebaria da noite de Natal, onde foram apressadamente os pastores, mas tinha encontrado um abrigo numa casa depois que as multidões afluídas a Belém por causa do “recenseamento” haviam retornado para suas terras.

Mateus fala expressamente de uma “casa” em que se encontrava o menino Jesus quando os Magos do Oriente o encontraram e o adoraram (Mt 2:11). Pelo costume do Oriente, combina-se a veneração com a oferta de presentes, sendo que os presentes apresentados pelos “Magos do Oriente”, ouro e incenso, remetem a Is 60:6.


 

 

Uma estrela – guia dos gentios

 

Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos para adorá-lo; … Depois de ouvirem o rei, partiram; e eis que a estrela que viram no Oriente os precedia, até que, chegando, parou sobre onde estava o menino.” (Mateus 2:2;9).

 

Conforme nos relata a Bíblia, uma “estrela” atraiu os Magos do Oriente até Jerusalém para adorar o Rei dos Judeus que havia nascido (Mt 2:2). Se a estrela era um fenômeno natural ou sobrenatural é um problema que ninguém pode resolver, mas ela deu a orientação divina a esses estrangeiros, gentios, que de alguma forma conhecia a profecia sobre o nascimento de um Rei dos reis.

Sim, por isso, todas as tentativas de se explicar a estrela como um fenômeno natural são inadequadas. Antes, é mais sensato pensar numa manifestação especial dada por Deus, primeiro quando apareceu indicando o fato do nascimento de Cristo, e depois quando reapareceu sobre Jerusalém e guiou os magos ao lugar certo (Mt 2:9-10). Especialmente se considerarmos que foi registrada uma revelação direta para os magos evitarem retornar a Herodes (Mt 2:12). De qualquer forma, a estrela era um tipo de Cristo (Nm 24:17; Lc 1:78; Ap 22:16).


 

 

Do presépio ao Calvário – símbolos do verdadeiro natal

 

E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, cheio de graça e de verdade, e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai.” (João 1:14).

 

Tanto como os pastores dos campos de Belém ou como os Magos do Oriente, o homem (gênero humano) pode examinar os fatos por si mesmo, e então chegar até o Salvador para adorá-lo.

Os pastores receberam um anúncio de forma sobrenatural de um anjo seguido da exaltação de uma multidão de anjos (Lc 2:8-18), enquanto os Magos do Oriente fizeram uma longa jornada para encontrar a Jesus e o adorá-lo por terem visto a manifestação da “Estrela do Rei” sendo por ela guiados até o Rei dos reis (Mt 2:2,9-11).

Nós hoje já não precisamos ser atraídos por fenômenos sobrenaturais, seja anjos ou estrelas, manifestações que não duvidamos ter acontecido, pois cumpriram profecias e deram credibilidade a Palavra de Deus. Para nós, todas as profecias da encarnação do Salvador, sua morte e ressurreição para nos dar a Salvação, se cumpriram cabalmente (Lc 24:44-48).

Deus percorreu um longo caminho para nos salvar, e nos deixou sua Palavra (a Bíblia) e o Espírito Santo para nos guiar até a salvação. Jesus, pouco antes de sua morte na cruz declarou: “E eu, quando for levantado da terra, atrairei todos a mim mesmo” (Jo 8:28; 12:32-33).

Quando Jesus nasceu, Deus se fez homem. Não era metade homem nem metade Deus, era todo Deus e todo homem (Cl 2:9). Antes de que Cristo viesse, Deus era conhecido só em parte, logo depois de sua vinda, passamos a conhece-lo em sua totalidade porque veio visível e tangível na pessoa de Jesus. Cristo é a expressão perfeita de Deus em forma humana (Jo 14:9; Cl 1:15-16; Hb 1:3).

Então, não é pela “manjedoura” (Lc 2:12,16) ou pela “estrela” (Mt 2:2,9-10) que precisamos ou devemos ser guiados, atraídos. Quando Jesus nasceu, Deus veio até nós com o dom da graça e do perdão de todos os pecados, dando-nos de presente a vida eterna no céu. Isto é o Natal, o verdadeiro Natal (Jo 3:16-17; Mt 1:23; 18:11; 1 Tm 2:5-6; 1 Jo 2:2).

O que o homem precisa é ter a coragem de começar sua própria caminhada em direção ao Salvador, atraído pela cruz, expressão maior do amor de Deus, e assim deixar o verdadeiro “Natal” acontecer em seu coração (Jo 3:14-19).

 


Nota: todo o texto acima são baseadas em compilações combinadas de diversos comentários bíblicos.

 

 


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