“Elias …, sentou-se na sombra de uma árvore e teve vontade de morrer. Então orou assim: Já chega, ó SENHOR Deus! Acaba agora com a minha vida!“
(1 Reis 19:4 – NTLH)
Medo, angústia, desespero, solidão: o que leva uma pessoa a desistir de tudo? Quais fatores influenciam? Teria dado tempo se a família soubesse da intenção de quem pôs um fim ao próprio sofrimento? Essas são algumas das questões sobre suicídio que na maioria das vezes, ficam sem respostas.
O dia 10 deste mês é, oficialmente, o Dia Mundial de Prevenção ao Suicídio, mas a campanha acontece durante todo o ano. Por isso, há com toda certeza a necessidade de entendermos mais sobre o tema e não devemos nos acomodar ou achar o assunto não deve ser debatido no meio cristão e pregações nos púlpitos.
Definição de suicídio
O suicídio pode ser definido como um ato deliberado executado pelo próprio indivíduo, cuja intenção seja a morte, de forma consciente e intencional, mesmo que ambivalente, usando um meio que ele acredita ser letal. Também fazem parte do que habitualmente chamamos de comportamento suicida: os pensamentos, os planos e a tentativa de suicídio. Uma pequena proporção do comportamento suicida chega ao nosso conhecimento.
Segundo relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS) a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio.
Estatísticas da dor
São registrados cerca de 12 mil suicídios todos os anos no Brasil e, segundo o último relatório da Organização Mundial da Saúde (OMS), realizado em abril de 2016, aponta que mais de 800 mil pessoas se matam todos os anos, ou seja, a cada 40 segundos, uma pessoa tira a própria vida.
O suicídio está entre as dez causas de morte mais frequentes no mundo e é a principal entre os jovens de 15 a 29 anos. Além disso, 75% dos suicídios em todo o mundo ocorrem em regiões de baixa renda, e as formas mais comuns de se tirar a própria vida é através da ingestão de medicamentos e pesticidas de uso rural, enforcamento e armas de fogos, sendo essa última mais comum entre os homens – em média, são três casos de suicídio de homens para cada mulher.
Fatores de risco e sinais de vulnerabilidade
Para alguns especialistas, existem indícios que podem indicar vulnerabilidade. Segundo o Ministério da Saúde, a maioria das pessoas que cometem o suicídio em algum momento expôs o pensamento sobre o ato. É errado afirmar que eles querem mesmo morrer, sendo comum o arrependimento logo após a tentativa.
Cerca de 96,8% dos casos de suicídio estavam relacionados a transtornos mentais. Em primeiro lugar está a depressão, seguida do transtorno bipolar e abuso de substâncias. Neste sentido, elencamos a seguir dez fatores de risco ou vulnerabilidade:
1. Transtornos mentais: você sabia que praticamente todas as pessoas que cometeram suicídio apresentavam pelo menos um transtorno psiquiátrico? Pessoas com depressão, transtorno bipolar, transtornos relacionados ao uso de drogas lícitas ou ilícitas (álcool, maconha, crack e cocaína, por exemplo), esquizofrenia e transtorno de personalidade fazem parte do grupo de risco. Dessa forma, a identificação e o tratamento dos transtornos mentais pelo médico psiquiatra estão entre os principais fatores de proteção na prevenção do suicídio.
2. Histórico pessoal: Tentativa prévia é o principal fator de risco para o suicídio. Indivíduos que já tentaram o suicídio têm de cinco a seis vezes mais chances de tentar novamente.
3. Ideação suicida: Comentários que demonstrem desespero, desesperança e desamparo podem ser manifestação de uma ideação suicida. Atenção a expressões como “eu desejaria não ter nascido”, ‘caso não nos encontremos de novo”, “eu preferia estar morto” – são sinais de alerta.
4. Fatores estressores crônicos e recentes: Eventos estressores significativos, como separação conjugal, migração ou perda de uma pessoa próxima, além daqueles que levem a prejuízo econômico e social, como falência e perda do emprego, estão associados ao surgimento de pensamentos suicidas.
5. Organizar detalhes e fazer despedidas: É de extrema importância observar se existe algum comportamento que sugira uma preparação para o suicídio: mensagens de despedida (bilhetes ou recados nas mídias sociais), cartaz, testamentos, doação de posses importantes e acúmulo de comprimidos são alguns exemplos. Além disso, verificar se há “comportamento de despedida”, como ligações incomuns a parentes ou amigos dizendo adeus, como se não fosse vê-los outra vez.
6. Meios acessíveis para suicidar-se: Acesso a armas de fogo, locais elevados e medicação em grande quantidade aumenta a chance de que uma eventual tentativa de suicídio seja efetivada.
7. Impulsividade: O suicídio, por mais planejado que tenha sido, muitas vezes parte de um ato motivado por eventos negativos. O impulso para cometer o suicídio é geralmente transitório, com duração de alguns minutos ou horas e pode estar presente particularmente em jovens e adolescentes. A impulsividade pode ser acentuada na presença de abuso de substâncias.
8. Eventos adversos na infância e na adolescência: Ter sofrido maus tratos e abuso físico, sexual ou psicológico na infância, apresentar abuso ou dependência de substâncias lícitas ou ilícitas e falta de apoio social estão associados a maior risco de suicídio. E importante lembrar que queda no desempenho escolar pode ser reflexo de um transtorno psiquiátrico não diagnosticado.
9. Motivos aparentes ou ocultos: Algumas pessoas com pensamentos suicidas podem considerar a morte como um “meio de sair do sentimento momentâneo de infelicidade”, “acabar com a dor”, “encontrar descanso” ou “final mais rápido para os seus sofrimentos”. Comentários com esse tipo de conteúdo servem como sinal de alerta.
10. Presença de outras doenças: Doenças crônicas, incluindo neoplasias em fase terminal, são fatores de risco para suicídio. O acompanhamento de pacientes que apresentem condições médicas com essas características deve incluir atenção especial à sua saúde mental.
A prevenção ao suicídio deve ter o tratamento médico adequado, contudo, os suportes social e familiar são fundamentais.
Prevenção
O que pode ser o fim para muitos, no entanto pode ser evitado com apoio e atenção de quem está próximo. Para a OMS, nove em cada dez casos poderiam ser prevenidos.
Com base nos crescentes números, programas de prevenção ao suicídio foram criados em todo o mundo através da Associação Internacional para Prevenção ao Suicídio (IASP). No Brasil, o Centro de Valorização da Vida (CVV) em parceria com o Conselho Federal de Medicina (CFM) e Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) realizam durante todo o mês o Setembro Amarelo, com atividades em vários estados que estimulam divulgações sobre a causa.
O suicídio é considerado um problema de saúde pública e estima-se que dez a vinte milhões de pessoas tentarão se suicidar nos próximos anos, de acordo com a OMS. Com base nisso, a organização criou o Plano de Ação de Saúde Mental com a meta de reduzir em 10% a taxa de suicídios até 2020. O Ministério da Saúde também possui a cartilha Diretrizes Nacionais de Prevenção, um manual com dados e orientações destinado aos profissionais de saúde para direcionar o atendimento em casos de indícios suicidas.
A prevenção ao suicídio deve ter o tratamento médico adequado ao problema apresentado pelo indivíduo até o tratamento farmacológico e acompanhamento psicoterápico. Contudo, os suportes social e familiar são fundamentais para a recuperação da pessoa que precisa de ajuda.
“Conheço alguém que está pensando em cometer suicídio”
Se você suspeita que alguém próximo à você pensa em cometer suicídio, tente se aproximar e:
- Pergunte se o pensamento existe e em que nível;
- Se já houve planejamento e como;
- Procure ouví-lo atentamente;
- Tente compreender os sentimentos dessa pessoa;
- Expressar respeito pelas opiniões e pelos valores dela;
- Converse abertamente;
- Demonstre sua preocupação, seu cuidado e sua afeição para com ela;
- Procure conversa com a família, amigos ou rede de apoio dessa pessoa;
- Caso a pessoa tenha acesso a métodos suicidas, como armas e remédios, remova-os imediatamente.
- Oriente e ajude a buscar ajuda na rede de saúde mental de sua comunidade e/ou outros equipamentos e órgãos; CAPS,Posto de saúde, Clínica-escolar, CVV, ONGs e etc.
O que um cristão deve ler e saber sobre suicídio?
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