O CONSELHO DE JETRO E A UNÇÃO DO ESPÍRITO
“Pois todos os que são guiados pelo Espírito de Deus são filhos de Deus.”
(Romanos 8:14)
O conselho de Jetro
Acredito que todos que já leram a Bíblia de forma intencional e criteriosa conhece bem a expressão “Conselho de Jetro”. A Bíblia diz que Jetro era um ancião, sacerdote de Midiã e foi sogro de Moisés (Êx 3:1; 18:1). A expressão “Conselho de Jetro” deriva dos acontecimentos narrados no capítulo 18 do Livro de Êxodo, onde Moisés recebe seu sogro cordialmente e lhe conta tudo o que havia acontecido durante a saída dos israelitas do Egito. Então Jetro se alegra muito e louva ao Senhor pelo grande livramento concedido ao povo de Israel oferecendo sacrifícios a Deus (Êx 18:1-12).
Na sequência, no dia seguinte, Jetro viu Moisés atuando como juiz sobre o povo. Moisés passou o dia ouvindo e resolvendo os problemas e queixas do povo, desde cedo até o pôr do sol. E diz a Bíblia que “era assim que fazia sempre”. Ao ver tudo isso, Jetro aconselha Moisés de forma notável acerca de como ele deveria conduzir sua liderança sobre o povo de Israel. Jetro disse que não era bom o que Moisés fazia que, daquele jeito, Moisés e o povo iriam ter um esgotamento. Entre outros conselhos, Jetro disse que Moisés deveria procurar “dentre o povo homens capazes, tementes a Deus, homens de verdade, que aborreçam a avareza” para coloca-los como líderes de grupos de mil famílias, de cem, de cinquenta e de dez. A Bíblia diz que Moisés acatou o conselho de seu sogro e fez tudo conforme ele havia dito (Êx 18:13-26).
A unção dos setenta anciãos
Esse foi um bom conselho, o qual Moisés acatou prontamente. Mas, não foi o suficiente para solucionar todos os “problemas” surgidos no meio do povo. Tempos depois, mesmo sendo liderados da forma como Jetro havia aconselhado, o povo de Israel, movidos pelo populacho (grupos de estrangeiros que aproveitou a libertação de Israel para também deixar o Egito) passaram a desejar desesperadamente a carne, os frutos e vegetais do Egito. Por isso, a ira do Senhor se acendeu contra eles novamente (Nm 11:1-10). Isso gerou em Moisés um sentimento de pesar profundo por causa de sua responsabilidade, que o levou a pedir ao Senhor que o matasse imediatamente e não o deixasse mais sozinho sob o peso da rebeldia de Israel (Nm 11:11-15).
A resposta de Deus ao clamor angustiante de Moisés foi uma ordem para que ele escolhesse “setenta anciãos” para que o ajudassem a levar o “fardo de liderar” o povo. Moisés deveria escolher esses “setenta anciãos” entre os que exerciam a “liderança” sobre o povo (superintendentes/oficiais, Nm 11:16), os que outrora haviam sido levantados segundo o “Conselho de Jetro” (Êx 18:21-27). Mas, agora, por causa da depressão emocional de Moisés, Deus promete fazer algo diferente. O Senhor diz que “tiraria do Espírito que estava sobre ele (Moisés) para colocar sobre os setenta anciãos” (Nm 11:17) para que, assim, o ajudassem a levar a “carga do povo”, isto é, a “governar o povo” (Nm 11:24-30).
Nem todo conselho é um bom conselho
Nesses dois textos destacados podemos aprender algumas coisas importante. Primeiro que bons conselhos devem ser seguidos, porque “na multidão de conselho a segurança” (Pv 11:14), mas, é preciso saber, entender, que nem todo conselho é “um bom conselho”. Veja o exemplo de Roboão (filho de Salomão que o sucedeu no governo de Israel) que seguiu um conselho de pessoas erradas e provocou a divisão do Povo de Israel em dois reinos distintos (1 Rs 12:1-24). Podemos e devemos ter conselheiros com excelente capacitação humana (formação técnico/profissional), porém, só isso não basta. O que precisamos de fato, nós que dizemos servir a Deus, é “ser guiados pelo Espirito Santo” como diz Rm 8:9-17, onde “carne”, além de significar a “natureza humana contaminada pelo pecado”, também pode significar “a capacidade humana emocional/intelectual” em que muitos se estribam e confiam (Is 30:1-2; 31:1-3; Jr 17:5-6).
Como vimos em Nm 11:16-17,24-30, o Senhor tirou do Espírito que estava sobre Moisés para colocar sobre os setenta anciãos para ajudá-lo a governar o povo. Mas, não adianta termos o Espírito Santo sobre nós se não nos submetemos a Ele, se o resistimos, não deixando que Ele nos guie (At 7:51; Ef 4:30; 1 Ts 5:19). Temos o exemplo de Saul que havia sido “ungido rei” sobre Israel e a quem o Profeta Samuel havia predito vários acontecimentos que o confirmaria como rei (1 Sm 10:1-7), incluindo que o “Espírito Santo” tomaria ele, Saul, e o transformaria em um “novo homem” (1 Sm 10:6, 11:5-7). Contudo, depois de tudo isso, ele deveria “esperar pelo profeta” para que este “sacrificasse a Deus” perante o povo a fim de confirma-lo como o rei de Israel. Mas, como sabemos, Saul não esperou, não se submeteu ao Espírito Santo e ainda “tomou o papel” do profeta/sacerdote, por isso, perdeu o reino e a presença do Espírito Santo em sua vida (1 Sm 13:8-14; 16:13-14).
Unção do Espírito, capacidade humana e o discernimento do tempo
Quem que, de alguma forma, exerce liderança em nome do SENHOR DEUS precisa aprender com esses textos que, ter pessoas capacitadas técnicas/profissionalmente para nos ajudar e nos aconselhar é necessário, mas, acima de tudo é preciso que essas pessoas também sejam cheias do Espírito Santo, para nos aconselhar segundo o propósito e preceitos de Deus.
Mas, não podem só ser cheia do Espírito Santo, precisam também ser totalmente submissas à vontade dEle, se deixando ser guiadas e nos ajudando a ser guiados pelo Espírito Santo (Lc 6:46-49; Rm 8:5,9,14; Gl 5:16).
Acrescente a isso também a capacidade, ou melhor, o “dom”, que estes precisam ter de “discernir o tempo” como os da “Tribo de Issacar” que serviram ao Rei Davi (1 Cr 12:32; Lc 12:56; Ef 5:15-17), e apesar de serem o “de menor número” dos grupos relacionados (apenas duzentos líderes), conheciam, isto é, sabiam discernir, bem os fatos (acontecimentos) do tempo que viviam e sabiam qual o melhor caminho para Israel seguir (ou não seguir) diante das batalhas.
“Portanto, prestem atenção na sua maneira de viver. Não vivam como os ignorantes, mas como os sábios. Os dias em que vivemos são maus; por isso aproveitem bem todas as oportunidades que vocês têm. Não ajam como pessoas sem juízo, mas procurem entender o que o Senhor quer que vocês façam.”
(Ef 5:15-17 – NTLH).
Que o Senhor nos ajude a servir mais e melhor a Ele e ao Seu Reino!
por Anderson Fazzion
Membro da WH Brasil