NO ESPÍRITO E PODER DE ELIAS
Antes de qualquer coisa, antes de você seguir com essa leitura, chamamos a sua ATENÇÃO para o fato de que, o presente texto, não é um texto para ser lido de forma rápida e displicentemente, mas para ser tomado em um tempo reservado e especial para estudo, sempre tendo a Palavra de Deus, a Bíblia, ao lado para que, “com toda a avidez, se examinar as Escrituras para ver se as coisas são, de fato”, como está declarado (At 17:11), sempre “conferindo coisas espirituais com espirituais” (1 Co 2:13).
E, antes de entrarmos no cerne do título desse pequeno estudo, do significado da expressão “NO ESPÍRITO E PODER DE ELIAS”, precisamos entender o papel da primeira personagem citada, o Profeta Elias, como o parâmetro para entendermos o papel da segunda personagem que é João Batista (Lc 1:5-23). É importante que você leia com atenção todo o texto conferindo-o com as referências bíblicas citadas e/ou entre parênteses, para melhor entendimento do tempo em que vivemos hoje e da mensagem do Evangelho para o “Tempo do Fim”.
QUEM FOI ELIAS?
“Veio-lhe a palavra do SENHOR, dizendo: Retira-te daqui, vai para o lado oriental e esconde-te junto à torrente de Querite, fronteira ao Jordão. Beberás da torrente; e ordenei aos corvos que ali mesmo te sustentem.”
(1Rs 17:2-6)
A história do Profeta Elias diz muito sobre ele e sobre seu importante papel na história do Povo de Israel. Elias foi profeta em Israel em torno de 850 a.C., e seu nome significa “MEU DEUS É O SENHOR“. Sua história está basicamente contida nos capítulos 17 ao 21 do Livro de 1º Reis e capítulo 1 do Livro de 2º Reis, onde o encontramos enfrentando o rei Acabe e sua esposa Jezabel.
O rei Jeroboão, para evitar que o povo fosse ao Reino do Sul, Judá, adorar no templo de Jerusalém e fizesse aliança com o Sul, introduziu a idolatria em Samaria, o Reino do Norte (1 Reis 12:26-33), porém, o rei Acabe é considerado pior do que Jeroboão (1 Rs 16:30). Além de seguir os caminhos perversos da idolatria de Jeroboão, o rei Acabe adorou a Baal, a quem edificou um altar e o colocou no templo que construíra para Baal em Samaria.
Além disso, também tomou como esposa uma mulher pagã, a Cananéia Jezabel, permitindo que ela estabelecesse a adoração dos fenícios em todo território de Israel que ficou repleto de sacerdotes e profetas de Baal e Asera (ou Poste-ídolo) que levou o povo à prática de “prostituições (idolatria) e feitiçarias”, sendo uma referência de “conduta contrária aos princípios do SENHOR DEUS” (1 Rs 16:25-33; 2 Rs 9:22; Mq 6:16).
Nesse período, os profetas do SENHOR DEUS eram perseguidos e muitos deles morreram por não abandonarem sua fé. Alguns se ocultaram em cavernas, escapando da morte. Devido a esse “movimento de perseguição”, de forma tão generalizado e cruel, a adoração ao SENHOR DEUS quase foi extinta em Israel. De fato, o propósito de Jezabel era “eliminar totalmente o sacerdócio levítico”, bem como as instituições que os representavam na adoração e ensino sobre o SENHOR DEUS (1 Reis 18:4,13,22; 19:10,14; 2 Reis 9:7).
É dentro desse contexto histórico religioso que, assim como Melquisedeque (Gn 14:18-20; Hb 7:1-3), sem qualquer história anterior ou genealogia, o Profeta Elias “aparece na história de Israel” anunciando uma profecia contra ao rei Acabe e contra Israel, dizendo que “orvalho e chuva” (símbolos do Espírito Santo e da Palavra) deixariam de cair sobre a terra de Israel. Uma sequidão extrema que durou três anos e seis meses gerando “grande fome” em toda terra de Israel (1 Rs 17:1; Lc 4:25-26; Tg 5:17).
Durante esse “tempo de sequidão”, encontramos as ações do SENHOR DEUS a favor do Profeta Elias e vemos sua coragem em cumprir tudo o que o SENHOR lhe determinava, a despeito dos riscos que corria. Vemos o SENHOR DEUS não só suprindo a necessidade do Profeta Elias (1 Rs 17:2-6) e o usando para abençoar pessoas que, sequer, eram de Israel, como a viúva de Serepta em Sidom, que, por obedecer a Palavra do Profeta, teve o resto de azeite e de farinha de sua casa multiplicados até o fim da seca na região (1 Rs 17:7-16; Lc 4:25-26).
E esta viúva, ao ver seu filho adoecer gravemente e morrer, confessa suas iniquidades e clama por uma intervenção do Profeta, o qual intercede ao SENHOR DEUS a favor do menino e o ressuscita, fazendo com que aquela viúva confessasse: “Conheço agora que tu és homem de Deus e que a palavra do SENHOR na tua boca é verdade” (1 Rs 17:17-24).
O Profeta Elias é conhecido por algumas outras passagens bem específicas, em especial, pelo fato dele, após confrontar o rei Acabe (1Rs 18:17-20) e ao Povo que nada lhe respondeu (1 Rs 18:21), desafiou “850 Profetas Idólatras”, sendo 450 (quatrocentos e cinquenta) “Profetas de Baal” e 400 (quatrocentos) “Profetas de Aserá (ou Poste-ídolo)” que serviam a Jezabel (1 Rs 18:19), mas, nos parece que somente os “Profetas de Baal” que aceitaram o desafio (1 Rs 18:22).
O objetivo do desafio era chamar o Povo de Israel ao arrependimento, para se consertar e voltar à fidelidade ao SENHOR DEUS (1 Rs 18:21,30-37), tendo o SENHOR DEUS respondido ao Profeta com “FOGO”, símbolo de santidade, justiça e juízo, gerando temor no coração do Povo (1 Rs 18:38-39 ó Lv 10:1-3; Hb 12:28-29), e, em seguida, executou o juízo contra os “Profetas de Baal” (1 Rs 18:40).
Temos mais outras passagens que demonstram o “Poder e o Espírito de Elias”. Assim que termina o desafio, o Profeta disse ao rei Acabe que logo choveria e orou para que viesse novamente a chuva sobre Israel (1 Rs 18:41-46; Tg 5:17-18). Diante do risco, temeu por sua vida ao ser perseguido por Jezabel, recebendo novamente o sustento do SENHOR DEUS, quando se escondeu em uma caverna no Monte Horebe (1 Rs 19:1-8), local onde o SENHOR se apresentou a ele e o comissionou para algumas missões especiais, incluindo, localizar e transferir sua autoridade a seu “substituto” Profeta Eliseu (1 Rs 19:9-21).
O Profeta Elias exerceu seu ministério profético num contexto de extrema idolatria. Mostrou-se corajoso defendendo a fé no SENHOR DEUS com o ÚNICO DEUS de Israel, em um contexto de pluralidade de deuses e de crenças, apresentando o SENHOR DEUS como SENHOR em contraste a Baal e a Aserá (Poste-ídolo). O Profeta Elias foi um porta-voz de DEUS muito importante para o seu tempo e sua posteridade. Elias condenou a idolatria que foi instituída no Reino do Norte por Jeroboão e drasticamente ampliada e oficializada pelo rei Acabe (1 Rs 16:29-33).
É interessante pensar nos surpreendentes milagres que o SENHOR DEUS fez a favor do Profeta e o usou para realizar, mas, mais do que isso, a fidelidade e lealdade do Profeta Elias ao SENHOR DEUS, nos impressiona e nos provoca. Enviado para “confrontar”, e “não consolar”, falou as PALAVRAS DE DEUS a um rei que resistiu sua mensagem, por isso, o Profeta escolheu seguir adiante sozinho com seu ministério em NOME do SENHOR DEUS. Por essa decisão, experimentou isolamento de outros que também se mantiveram fiéis ao SENHOR e Seus Princípios (1 Rs 19:14,18; Rm 11:1-6).
Mas, o mais importante é apreciarmos a relação que existia entre o Profeta e o SENOR DEUS. A fidelidade e lealdade do Profeta Elias era demonstrada pela obediência a PALAVRA DE DEUS, a ponto de o SENHOR DEUS o tomar para Si (2 Rs 2:1-15) e o apresentar juntamente com Moisés na TRANSFIGURAÇÃO de CRISTO JESUS (Mt 17:1-4). O Profeta Elias é o símbolo, ou personificação, da Igreja dos últimos dias que será arrebatada (2 Rs 2:1-15; 1 Ts 4:17).
SOBRE JEZABEL
“Tenho, porém, contra ti o tolerares que essa mulher, Jezabel, que a si mesma se declara profetisa, não somente ensine, mas ainda seduza os meus servos a praticarem a prostituição e a comerem coisas sacrificadas aos ídolos. Dei-lhe tempo para que se arrependesse; ela, todavia, não quer arrepender-se da sua prostituição.”
(Apocalipse 2:20-21)
Antes de continuar, é preciso fazer um adendo sobre Jezabel, a esposa de Acabe. Ela é citada no Novo Testamento, especificamente no Livro de Apocalipse, numa repreensão ao “Anjo da igreja em Tiatira” (Ap 2:18) onde o SENHOR JESUS diz que a Igreja “tolerava a mulher Jezabel“, que “diz ser profetisa” e que “ensina e seduz a Igreja” para “praticarem a prostituição (imoralidade sexual) e a idolatria” (Ap 2:20). Entendemos que, nesse caso específico, “a mulher Jezabel” é um simbolismo tendo, obviamente, como referência à esposa de Acabe, que seduziu os israelitas a adorar Baal e ao Poste-ídolo também chamado de Asera (1 Rs 16:29-33, 2 Rs 9:22) e matou os sacerdotes e levitas quase extinguindo a “Adoração e o Serviço a DEUS” em Israel (1 Rs 18:4,13,22; 19:10,14; 2 Rs 9:7).
Essa “mulher Jezabel”, pode até ter sido mesmo uma determinada mulher que, diante da ambição de ser “uma profetisa”, tinha aprovado as “doutrinas dos nicolaítas” como prática da Igreja de Tiatira, que, resumidamente, tem por base o “engano” que induz a Igreja a “se prostituir” (prática de imoralidade sexual) e a “comer os sacrifícios da idolatria” (simbolicamente, aceitar a palavra/doutrina), essas duas coisas são atribuídas aos seguidores de Balaão (os Nicolaítas) em Pérgamo que simbolizam os que “amam a posição de liderança na Igreja visando lucro financeiro” (Ap 2:14-15; Nm 25:1-3; 31:16; 1 Tm 6:3-5,10; 2 Pe 2:1-3,14-15; Jd 1:11).
Lembrando que “PROFETA” na Bíblia diz respeito a uma pessoa que “FALA” ou “ENSINA” da parte de DEUS ou em NOME dELE (1 Co 14:3; Hb 1:1; 2 Pe 3:2) e que “FALSOS PROFETAS” apenas usam o NOME do SENHOR (Dt 13:1-3; 18:20-22; Mt 7:15, 24:5,11,24; 2Ts 2:3-12; 1Tm 4:1-3; 2 Pe 2:1). O SENHOR se referiu a “doutrina ensinada” pela suposta “Profetisa Jezabel” na Igreja de Tiatira como sendo “os segredos profundos de Satanás” (Ap 2:24).
A essa “mulher Jezabel“, que “ensinava e seduzia a Igreja” (Ap 2:20), o SENHOR havia dado um tempo para ela se arrepender, mas, ela não se importou com a misericórdia do SENHOR (Ap 2:21). Diante de sua falta de contrição, ela e seus seguidores, seriam severamente castigados. A sentença é que o SENHOR, “a jogaria numa cama” (significa colocar num leito de enfermidade), bem como “os que com ela cometem adultério”, sofreriam(ão) horrivelmente por causa de suas obras, caso não se arrependessem das suas obras más (Ap 2:22).
O arrependimento genuíno sempre coloca o julgamento de lado, porém, a recusa consciente e contínua de se arrepender resulta em castigo mais severo: “ferirei de morte (matarei) a seus filhos” (filhos significa “sua descendência espiritual”), por causa, das “intenções” contidas em suas mentes e os corações (Ap 2:23; Jr 11:20, 17:10; Rm 2:5-8,16; Hb 4:12-13, 12:6-8). Ao restante, aos que não “se encantaram com o ensino de Jezabel”, que permanecerem fiéis em “guardar a obra dELE” até “SUA VINDA”, o SENHOR promete “a mesma autoridade que ELE recebeu do Pai” (Ap 2:24-29).
QUEM FOI JOÃO BATISTA?
“Disseram-lhe, pois: Declara-nos quem és, para que demos resposta àqueles que nos enviaram; que dizes a respeito de ti mesmo? Então, ele respondeu: Eu sou a voz do que clama no deserto: Endireitai o caminho do Senhor, como disse o profeta Isaías.”
(João 1:22-23)
Antes de qualquer coisa, é preciso dizer que João Batista (Lc 1:5-80) foi o último profeta da “Antiga Aliança” e o primeiro da “Nova Aliança”, nesse sentido, ele é o “ELO” entre os princípios eternos do SENHOR DEUS no “Antigo Testamento” com o Evangelho apresentado por CRISTO JESUS (Mt 11:13-14; Lc 16:16). Oriundo de família sacerdotal, tinha o direito de ser sacerdote, por ser filho de Zacarias e Isabel, que vivam na contramão da maioria de sua época, pois, “eram justos diante de Deus, vivendo irrepreensivelmente em todos os preceitos e mandamentos do Senhor” (1 Cr 24:10,19; Lc 1:5-10).
Mas, João Batista viveu longe da “aparência e boa vida” de um Sacerdote com suas vestes sacerdotais (Êx 28:4) ou se alimentando da “flor de farinha” ou das “porções de carnes” destinadas aos sacerdotes (Lv 2:1-3, 7:28-36). Suas “roupas de pêlo de camelo” e “cinto de couro”, e sua alimentação baseada em “gafanhoto e mel silvestre” estava muito aquém da vida pomposa da aristocrática-sacerdotal de sua época (Mt 3:4; Mc 1:6). Assim, sua aparência, modo de vida e presença, denunciavam a ganância e soberba dos líderes religiosos de sua época e descrevia a natureza de seu ministério como sendo semelhante à do Profeta Elias (2 Rs 1:6-8; Lc 1:17; Mt 11:14) e do próprio Messias (Is 11:1-5, 59:16-17).
Nesse sentido, o Profeta João Batista foi escolhido e ungido com o Espírito Santo desde o ventre materno (Jr 1:5; Lc 1:15,41), viveu como que “separado do mundo”, no deserto (Mc 1:3-4; Jo 1:23), e aparece na história para ser o “precursor” do SENHOR JESUS (Mt 3:1; 11:7-10), o “ELIAS PROMETIDO” que deveria ser esperado (Is 40:3-5; Ml 3:1-6, 4:1-6; Mt 3:1-3, 11:13-14; Lc 1:17; Jo 1:19-33), o “SAMUEL DA NOVA ALIANÇA” usado para ungir o REI-MESSIAS com o Espírito Santo em Nome do PAI (1 Sm 1:5-11, 16:1,12-13; Mc 1:8-11; Lc 1:15-17, 3:21-22, 4:18).
Na preparação do povo para a vinda do Messias, assim como Profeta Elias da “Antiga Aliança”, obedecendo a DEUS e permanecendo leal a toda a VERDADE, João Batista denunciava o pecado (religiosidade e desvio da fé), anunciava a “justiça e o juízo” que o SENHOR DEUS traria na Pessoa do Messias, CRISTO JESUS, chamando o Povo como um todo, e a cada pessoa individualmente, ao arrependimento oferecendo a “graça e a misericórdia” do SENHOR, motivando-os a abandoarem o pecado e voltar para DEUS (Jr 9:24; Mt 3:1-12).
O propósito de João Batista era “converter os rebeldes, à prudência dos justos” (Lc 1:17), para tanto, mesmo sendo da “linhagem sacerdotal” (1 Cr 24:10,19; Lc 1:5-14), não transigiu com a sua consciência, nem perverteu princípios bíblicos para conseguir posição social ou proteção, denunciando o pecado de todos (Lc 3:7-15,19-20; Mt 3:7-12; 14:1-11). Sua mensagem que, hoje em dia seria “dura demais” (Jo 6:60-69) para muitos, provocou, na verdade, um grande avivamento entre o povo, no qual muitos foram arrancados da alienação de DEUS e foram reconduzidos ao SENHOR pela via do arrependimento, sendo assim preparados para a chegada do Messias (Mt 3:5-6; Lc 3:7; Mc 16:16; Jo 3:16-21,36; 16:7-14).
Por intermédio de seu trabalho, João Batista, como “UMA VOZ QUE CLAMA NO DESERTO”, isto é, com um discurso abandonado pelos outros, solitário, sem muita aceitação (Is 40:3-4; Mc 1:3; Lc 3:4), preparou as mentes e corações das pessoas para dar ao Messias uma recepção apropriada. Ele abriu “O CAMINHO” (Is 40:3; Ml 3:1, 4:5; Mt 3:3; 11:10; Mc 1:2; Lc 7:26-27; Jo 1:19-33, 14:5-6) para o “TEMPO MESSIÂNICO” ou “O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR” (Lc 4:18-19; Is 61:1-2) antes que venha “O GRANDE E TERRÍVEL DIA DO SENHOR” (Jl 1:15, 2:1,31-32; Ml 3:1-6; 4:1-6; Mt 3:10-12; Lc 1:17; At 2:16-21,38-39; Rm 2:5-8; Ap 11:18).
Sobre João Batista, o SENHOR JESUS declarou que ele “não era uma cana agitada pelo vento” (Mt 11:7-9), indicando o caráter justo de João Batista que não era levado por “todo e qualquer vento de doutrina” (Ef 4:14), e nem transigia com o erro, mas pregava a VERDADE e os mandamentos de Deus, sem temer os homens e a opinião popular. A despeito dos riscos, João Batista, opôs-se ao pecado dos “Líderes Religiosos” de sua época e, em especial, ao pecado da “Família Real” (governantes), do rei Herodes e sua esposa (Mt 14:3-5; Lc 3:18-20).
As autoridades judaicas ignoraram o pecado de Herodes, mas João Batista nem por um momento fez isso, mesmo que sua pregação “impressionasse ao rei Herodes” ao ponto de deixa-lo perplexo (Mc 6:17-20), com total firmeza, denunciava seu pecado e de sua esposa, demonstrando nisso fidelidade absoluta a DEUS e à sua PALAVRA, embora tal atitude o tenha causado perseguição, prisão e a morte (Lc 3:18; Mt 14:3-12). Que todo pregador da Palavra de Deus lembre-se disso, afinal, CRISTO JESUS, também, julgará seu ministério, seu caráter e sua posição em relação ao pecado (Mt 24:45-51; 1 Co 3:11-15).
Os evangelhos descrevem como João Batista batizava as pessoas que estavam arrependidas de seus pecados em vários locais diferentes. O batismo era uma parte muito importante do arrependimento. Ele simbolizava o desejo que as pessoas tinham que seus pecados fossem perdoados, sendo uma demonstração pública da renúncia de suas vidas pecaminosas e o desejo de serem incluídas no Reino do Messias que viria em breve (Mt 3:7-12; Mc 1:4-5; Lc 3:3-14). A pessoa, missão e ministério de João Batista foram elogiados pelo SENHOR JESUS (Mt 11:7-14; Jo 5:33-35).
A MENSAGEM DE JOÃO BATISTA
“Dizia ele, pois, às multidões que saíam para serem batizadas: Raça de víboras, quem vos induziu a fugir da ira vindoura? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento e não comeceis a dizer entre vós mesmos: Temos por pai a Abraão; porque eu vos afirmo que destas pedras Deus pode suscitar filhos a Abraão.”
(Lucas 3:7-8)
Na pregação de João Batista era enfatizado que o único modo de escapar do “juízo vindouro” era através do ARREPENDIMENTO VERDADEIRO (Mt 3:2; Lc 3:7-8), por isso, seu julgamento, ou sua pregação, tinha duas partes: a inevitável condenação para pessoas que não tivessem se arrependido e a benção (o dom) da salvação para aquelas pessoas que, após o arrependimento, buscassem viver uma vida reta, justa, no temor do SENHOR (Mt 3:12; Lc 1:76-79, 3:6; Jo 3:16-21,36; At 2:38; Rm 2:3-10; 2 Ts 1:4-10; Hb 10:27-29; 2 Pe 3:7).
Por isso, a proclamação da mensagem de João Batista consistia de três partes: o “AVISO” sobre o julgamento que o Messias traria; o “CHAMADO” para as pessoas se arrependerem, e a “EXIGÊNCIA” que as pessoas mostrassem seu arrependimento de forma concreta, prática e pública (batismo). Mas, os judeus, que tinham certeza que o Messias julgaria e destruiria os gentios e outros inimigos de Israel, criam na “SALVAÇÃO POR DESCEDÊNCIA”, por serem o “POVO ESCOLHIDO”, no entanto, João Batista afirma que a descendência familiar (filhos de Abraão) era uma segurança falsa, visto que o julgamento era para todos (Lc 3:7-9; Jo 8:33-36; Rm 2:9-10,17,28-29).
O Profeta João Batista dizia que esse julgamento seria feito pelo Messias, que batizaria a nação com o “Espírito Santo e com fogo” (Lc 3:15-18). No Antigo Testamento, bem como no Novo, o fogo simboliza o processo de purificação (Sl 66:10; Pv 25:4; Is 1:25, 48:10; Dn 12:10; Ml 3:1-3,17-18; Mt 3:11; Lc 3:16; Mc 9:49; 1 Pe 1:7) e representa o “julgamento e juízo” do fim dos tempos (Sl 21:9-10; Na 1:5-6; Sf 1:18; Ml 4:1-2,5; Mt 3:10,12; Lc 3:17; Jo 15:6; 2 Ts 1:4-10; Hb 10:27-29; 2 Pe 3:7) e a vinda do Espírito Santo inauguraria o “ANO ACEITÁVEL DO SENHOR” (Is 32:15; Ez 39:29; Jl 2:28; At 2:16-20; Lc 4:18-19; Is 61:1-2), sendo Ele, o Espírito Santo, o “Selo” ou a “Garantia da Salvação” (Jo 6:27; At 2:38; 2Co 1:21-22; Ap 9:4).
Além de sua concepção que foi um milagre anunciado por um anjo que determinou também seu nome a seus pais, que já eram idosos e não tinham filhos (Lc 1:5-23) e por ter tido o privilégio de batizar ao SENHOR JESUS (Lc 3:21-22; Mt 3:13-17), João Batista não teve nada de espetacular em sua vida que o tornasse “especial” como fora o Profeta Elias. Não fez sequer um milagre, ou “sinal” sobrenatural (Jo 10:41), e, diferente de Elias que foi arrebatado, João Batista foi morto por denunciar a corrupção moral do rei Herodes que, embora ficasse perplexo com sua palavra (Mc 6:20), cedeu aos caprichos de sua esposa Herodias que, por odiar João Batista, tramou e causou sua morte (Lc 3:18-20; Mc 6:17-29; Mt 14:3-12).
O ELO DO ANTIGO E NOVO TESTAMENTOS
“Lembrai-vos da Lei de Moisés, meu servo, a qual lhe prescrevi em Horebe para todo o Israel, a saber, estatutos e juízos. Eis que eu vos enviarei o profeta Elias, antes que venha o grande e terrível Dia do SENHOR; ele converterá o coração dos pais aos filhos e o coração dos filhos a seus pais, para que eu não venha e fira a terra com maldição.”
(Malaquias 4:4-6)
O último Profeta do Antigo Testamento, o Profeta Malaquias, chega ao final de seu livro com a última advertência da Antiga Aliança, dizendo três verdades solenes. Em PRIMEIRO lugar, antes do veredito final, DEUS adverte a todos nós lembrando da AUTORIDADE DA LEI prescrita em Horebe para todo o Israel, dos estatutos e juízos, bênçãos e maldições causadas pela desobediência (Êx 20:1-20; Dt 11:16-29, 28:1, 29:1, 30:19-20; Sl 1:2). Desta forma, ELE nos adverte por intermédio da SUA PALAVRA, nos lembrando que o propósito da LEI era nos “CONDUZIR A CRISTO, O SALVADOR” (Mt 5:17-18; Rm 3:20-24; Gl 3:24). Antes da “IRA DE DEUS”, virá a possibilidade de “SALVAÇÃO PARA TODOS”, e antes do juízo ser completo e final, DEUS chama a todos ao arrependimento (Lc 1:76-79; Mc 16:14-16; Jo 3:16-21,36; Rm 2:3-10).
Vivemos numa geração analfabeta da Bíblia, num tempo em que a Palavra é desprezada, substituída e desobedecida, enquanto o “pecado é normalizado” como “algo cultural”, por isso, a única maneira de nos prepararmos para esse “GRANDE E TERRÍVEL DIA” (Jl 1:15, 2:1,31-32; Ml 3:1-6; 4:1-6; Mt 3:10-12; Lc 1:17; At 2:16-21,38-39; Rm 2:5-8; Ap 11:18) é nos voltando para a PALAVRA, vivendo de acordo com o VERBO DE DEUS, e Sua PALAVRA ESCRITA (Ml 4:4; Mt 22:29; Lc 24:44-48; Jo 1:1-3, 5:37-40,46-47; Hb 1:1-3; 1 Pe 1:6-21; Ap 19:13-16).
Em SEGUNDO lugar, antes do veredito final, o SENHOR DEUS adverte a todos por meio de Seus instrumentos. O Profeta Malaquias fala de um ministro divinamente comissionado: “Eis que enviarei o profeta Elias” (Ml 4:5). DEUS enviou o Profeta Elias, que confrontou a nação de Israel num tempo de apostasia e chamou-a ao arrependimento. Antes do dia do juízo vem o “ANO DA GRAÇA”, ou, como é chamado: “O ANO ACEITÁVEL DO SENHOR” (Is 61:1-2; Is 61:1-2), no qual, deve ser preparado “O CAMINHO” (Is 40:3; Ml 3:1, 4:5-6; Mt 3:3; 11:10; Mc 1:2; Lc 7:26-27; Jo 1:23, 14:5-6) para o MESSIAS que, por Sua vez, comissiona e envia Sua Igreja para “PREPARAR SUA VOLTA” (Mt 28:18-22; Mc 16:14-20; Lc 24:44-48, At 1:8).
E, em TERCEIRO lugar, antes do veredito final, é imperativo uma profunda transformação nas relações familiares, por isso, o “Elias enviado”, teria um ministério abençoado em seus resultados: “ele converterá o coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais” (Ml 4:6). O bendito Evangelho começa no lar, porque se o Evangelho não funcionar no lar, não funcionará em lugar algum. Não há igrejas fortes sem lares fortes (Dt 11:19; Ml 4:6; Lc 1:16-17).
A volta para DEUS implica restauração de relacionamentos familiares, por isso, a “conversão do coração dos pais aos filhos e dos filhos aos pais” significa mais do que acabar com os “conflitos de gerações”, implica em unir pais e filhos em torno da obediência a uma pessoa: o Messias, CRISTO JESUS! (Ef 6:1-4; Cl 3:18-21; Mt 12:47-50; Lc 8:21; Ef 2:19-22; Gn 12:3 ó Gl 3:8-9,14,26-29; Ef 2:17-19).
Por fim, fica claro que há uma conexão entre a primeira e a segunda vinda de Cristo. O tempo “da Graça” chegou com (Mt 12:18-21,28; Lc 11:20; At 10:38) e avança para “O GRANDE E TERRÍVEL DIA DO SENHOR”, que será um dia de trevas e de luz, de condenação e exultação. Só há DOIS GRUPOS NA HUMANIDADE, os que estão preparados para encontrar o SENHOR e aqueles que não estão, sendo, respectivamente, os “salvos” e os “perdidos” (ou “condenados”, Mc 16:16; Jo 3:18-21,36; Rm 8:1).
Como no “FIM DA ANTIGA ALIANÇA” registrado pelo Profeta Malaquias, os ímpios aparentemente tinham uma vida boa e eram prósperos, por isso, o SENHOR DEUS havia sido acusado de ser omisso e conivente com o mal e os ímpios zombavam de DEUS, perguntando onde estava o “DEUS QUE FARIA JUÍZO” (Ml 3:13-15). Todavia, quando esse terrível dia chegar, a justiça será feita. O juízo de Deus será implacável para os zombadores, mas os justos triunfarão. A verdade triunfará! (Ml 3:16-18; 2 Pe 3:1-12).
A IGREJA NO ESPÍRITO E PODER DE ELIAS
“..., para que vos torneis irrepreensíveis e sinceros, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandeceis como luzeiros no mundo, preservando a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão, nem me esforcei inutilmente.”
(Filipenses 2:15-16)
Como se vê em tudo que foi exposto acima, os últimos versículos do Antigo Testamento estão cheios de esperança. Independente de o vivemos em nossa vida agora, DEUS controla o futuro e tudo será feito conforme a Sua vontade. A salvação é “oferecida a todos”, e todos devem ter a oportunidade de ouvir para crer ou não, mas, não são “todos que serão salvos”, e sim “muitos”! Os “muitos” que nELE, CRISTO JESUS, crerem e se submeterem ao Seu Senhorio, buscando fazer Sua vontade, são os que “serão salvos” (Mt 26:28, Jo 1:11-13; 3:16-21,36; Rm 5:15-19).
O Antigo Testamento termina dizendo que Jesus viria, e ELE veio! O Novo Testamento começa com a vinda de Jesus. O Antigo Testamento termina com a maldição para os desobedientes e o Novo Testamento com a “GRAÇA” para os remidos. O Antigo Testamento fecha o LIVRO DA LEI com a solene palavra “MALDIÇÃO” (Ml 4:6), mas o Novo Testamento termina o drama da história com a promessa: “E NÃO HAVERÁ MAIS MALDIÇÃO NA VINDA DE CRISTO”, Maranata! (Ap 22:3,20).
Vimos que João Batista viveu longe da “aparência religiosa”, seu modo de vida e sua presença denunciava a ganância e soberba dos líderes religiosos de sua época. Ele permaneceu leal a toda VERDADE, denunciando o pecado (religiosidade e desvio da fé), anunciando a “justiça e o juízo” e, chamando todos ao arrependimento, oferecia a “graça e a misericórdia” do SENHOR, a fim de “converter os rebeldes, à prudência dos justos” (Lc 1:17). Não perverteu os “PRINCÍPIOS BÍBLICOS” para conseguir “status” ou “posição social” e, mesmo vivendo “separado do mundo” no deserto (Mc 1:3-4; Jo 1:23; Mt 11:7-9), provocou um grande avivamento entre o povo, os preparando para a chegada do Messias (Mt 3:5-6; Lc 3:7).
Nesse sentido, como João Batista, precisamos “AVISAR” sobre o julgamento que está próximo com a volta de CRISTO JESUS, “CHAMANDO” as pessoas ao ARREPENDIMENTO, com a “EXIGÊNCIA” de que demonstrem isso de forma concreta, prática e pública, a fim de se “SALVAREM” do “julgamento e juízo” do fim dos tempos (Sl 21:9-10; Na 1:5-6; Sf 1:18; Ml 4:1-2,5; Mt 3:10,12; Lc 3:17; Jo 15:6; 2 Ts 1:4-10; Hb 10:27-29; 2 Pe 3:7), pois, ainda há tempo de receberem o ESPÍRITO SANTO nesse “ANO DA GRAÇA”, no restante desse “ANO ACEITÁVEL DO SENHOR” que está chegando ao fim (Is 32:15; Ez 39:29; Jl 2:28; At 2:16-20; Lc 4:18-19; Is 61:1-2).
Lembre-se, João Batista não teve nada de espetacular em sua vida que o tornasse “especial” como o Profeta Elias. Não fez fogo cair do céu, não multiplicou nem farinha nem azeite, não foi alimentado por corvos, não recebeu a visita e mensagem de algum anjo enviado por DEUS, nem foi “visitado” ou “arrebatado” pelo SENHOR DEUS, embora tenha visto o MESSIAS (Jo 1:29-36; Mt 3:13-17), pelo contrário, foi morto por denunciar a corrupção moral dos governantes e das autoridades religiosas de sua época (Jo 10:41; Mt 14:3-11).
Mas, é preciso lembrar que “nenhum ser humano é maior do que João” e que “o menor no reino dos céus é maior do que ele” como disse o SENHOR JESUS (Mt 11:10-11; Lc 9:46-48; Mt 23:11-12). De todas as pessoas, nenhum homem cumpriu o propósito de DEUS melhor que João Batista, entretanto, no Reino de DEUS, todos têm, e terão, uma herança espiritual maior se anunciar a morte e ressurreição de CRISTO, o MESSIAS, Sua obra consumada na CRUZ para a salvação dos que crerem (Jo 3:30-34, Jo 6:39-57, 7:38-39; Lc 24:44-48; Mt 28:19-20).
Da mesma forma, nesses “DIAS FINAIS” que antecedem o “ÚLTIMO DIA” (Rm 13:11-14; 1 Ts 5:4-10), o dia da “VOLTA DO SENHOR”, a IGREJA DE CRISTO é chamada para ser “CHEIA DO ESPÍRITO SANTO” a fim de que, no “PODER E ESPÍRITO DE ELIAS”, como aquele que preparou a “primeira vinda do Messias” (Is 40:3; Ml 3:1, 4:5; Mt 3:3; 11:10; Mc 1:2; Lc 7:26-27; Jo 1:19-33), viva “fora do mundo”, isto é, do “sistema político-religioso” (Mt 3:1-3; Lc 3:2-6; 2 Co 6:14-18; Ap 12:5-6,13-17), levando uma vida “SANTA E IRREPREENSÍVEL” em meio da atual “GERAÇÃO PERVERSA E CORRUPTA” (Ef 5:8-12; 1 Ts 5:23), denunciando o “PECADO DA ATUAL GERAÇÃO” e chamando os pecadores ao arrependimento (Lc 24:45-49; At 1:8, 2:36-39), preparando, assim, a “VOLTA DO MESSIAS”, ou seja, o “DIA DE CRISTO” (Mt 24:42; Jo 14:15; Tt 2:11-14; Fp 1:6,9-11, 2:14-16).
Por ELE, para ELE em Nome dELE! Amém! Maranata!
por Anderson Fazzion
Líder de Campo da WH Brasil
Pastor Auxiliar da Igreja Batista das Nações
(São Sebastião da Bela vista / MG)
Fontes bibliográficas para base do texto:
– Comentário Expositivo Hagnos – Malaquias: a Igreja no tribunal de Deus / Hernandes Dias Lopes;
– Bíblia A.T. Malaquias – Comentários 2. Bíblia A.T. Malaquias – Crítica e interpretação I;
– Enciclopédia Ilumina; e,
– Dicionário Champlin.