“O anjo, porém, lhes disse: Não temais; eis aqui vos trago boa-nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor.” Lucas 2.10-11
Todo ano é a mesma coisa, chega a época das “festas de fim de ano” e sempre volta a polêmica: pode aqueles que se dizem “crentes” comemorar o natal? E encontramos uma avalanche de respostas, das extremamente permissivas às austeramente legalistas. Nas verdade, o que realmente encontramos hoje em dia, é a realidade de que muitas pessoas não sabem sequer o motivo e o quê comemorar no Natal em decorrência da perda de sua identidade ao longo dos tempos.
Muitos relacionam o Natal com presentes, família, o inverno no hemisfério norte, Coca Cola e Papai Noel, sem falar que, muitas pessoas, por inúmeros motivos, não gostam do natal, e devemos respeitar suas opiniões. Contudo, gostaria de convidar você a meditar comigo na Bíblia sobre o “verdadeiro Natal”, sim, o verdadeiro porque há outros “natais” vivenciado por muitas pessoas hoje em dia que não são o natal verdadeiro. Por exemplo, existe o “natal assistencial”, que consiste na assistência feita aos necessitados apenas num dia do ano, na noite de natal. O “natal comercial”, que massifica a propaganda aguçando o “espírito consumista”, que vai da comida às lembrancinhas e muita frustração, dentre outros. Então, precisamos encontrar na Bíblia a resposta do porquê temos o dia de “Natal”.
Começaremos então pelo motivo do “Verdadeiro Natal”, que teve sua origem quando Adão e Eva, usando do “livre arbítrio” escolheram um curso de ação em desobediência a um único mandamento de Deus. Assim, o Deus Santo só podia responder de uma maneira coerente com sua natureza moral perfeita (Gn 2:15-17; 3:1-24; Rm 5:14-21; 1 Co 15:21-22). As consequências do pecado de Adão e Eva lhe podem parecer extremas, contudo, perceba que o pecado que cometeram, além de tirar-lhes o acesso direto a Deus, pôs em ação uma tendência do mundo: a DESOBEDIÊNCIA A DEUS. Este é o motivo pelo qual ainda pecamos hoje (Rm 1:28-32; 3:9-23; 1 Jo 1:8-10). Com a “queda”, o homem “desceu” (caiu) ao nível mais baixo de existência, passando a sofrer com infortúnios, doenças, violência, desgaste natural do corpo (velhice) até a morte, e não somente isso, perdeu o principal: a presença de Deus em sua vida (Rm 3:23). Diante da queda do homem, foi anunciado pela primeira a “necessidade do Natal” com a promessa de que Jesus Cristo nasceria de uma mulher (Gn 3:15; Is 7:14; Gl 4:4).
Desde então existem apenas “dois únicos” tipos de pessoas do ponto de vista de Deus, tendo cada tipo um conjunto distintivo de princípios de vida, e a separação entre esses dois grupos de pessoas existirá no decurso da história da redenção e continuará na eternidade. Os dois grupos são os “justos” e os “ímpios” (Sl 1:1-16; 32:1-2; 106:3; 119:1-3; Mt 13:37-43; 25:31-46; 2 Pe 3:7). Entre a linhagem dos justos, Deus encontrou vários homens tementes para “fazerem” o Natal acontecer. Entre estes temos Abrão (depois chamado Abraão), com quem Deus estabeleceu um pacto e lhe disse que seria o fundador de uma grande nação e que através dele seria “bendita todas as famílias da terra” pelo Evangelho que seria pregado por um de seus descendentes. De Abraão, o próprio Deus trouxe à existência uma grande nação: Israel (Gn 12:1-3; Is 2:2-4; Zc 8:20-23). E de Israel, da tribo de Judá, da família de José e Maria veio ao mundo Jesus Cristo (Mt 1:1-18). Hoje, Abraão é reconhecido e respeitado como o “pai” dos cristãos, judeus e maometanos, as três maiores matrizes religiosas do mundo. Deus escolheu Abraão e seus descendentes para levar o Seu Evangelho ao mundo (Lc 1:68-75; Atos 3:25-26; Gl 3:7-9,16,26-29).
Por mais que tentem negar, a história comprava esse “Plano do Natal” (Plano da Salvação) desenvolvido ao longo das décadas através dos povos. No antigo Império Egípcio, por exemplo, um pequeno clã de escravos judeus foi crescendo até formar o povo de “Israel”, um povo que daria ao mundo o Rei-Salvador (Gn 46:1-27; Ex 1:1-22; 12:40-42). Mais tarde, quando esse povo era escravo na Babilônia, Deus reacendeu o esquecido anseio judeu pelo profetizado Rei-Salvador (Jr 25:8-12; Dn 9:1-3,25). Quando a Pérsia conquistou a Babilônia, Deus usou os persas para conduzir os judeus de volta à sua pátria, porque lá deveria vir ao mundo o Salvador-Rei (2 Cr 36:20-23; Ed 1:1-8; Is 44:28). A seguir, com início em 330 aC, o domínio dos gregos trouxe consigo uma nova língua mundial, o “grego koiné”, ou alexandrino, oportunizando que todos falassem uma língua em comum (Dn 8:20-22; 11:2-4), por isso, a Bíblia dos judeus, o Antigo Testamento, foi traduzido para o idioma grego (septuaginta), e mais tarde vieram somar-se às Escrituras do Novo Testamento, igualmente escritas em grego koiné (Mq 4:2; Zc 8:20-23). E então entrou em cena outro império, ainda mais poderoso (Dn 7:7). O Império Romano (63 a.C. a 4 d.C.), que chegou trazendo paz, construindo um novo sistema de estradas e derrubando as fronteiras entre os países. A última etapa da história de Israel, do Antigo ou Primeiro Testamento, é marcada pela presença dos romanos (Lc 2:1-5; 3:1; 23:1-4).
Desta forma, na história da humanidade podemos ver que, apesar de todos os planos malvados dos governantes, impérios inteiros contribuíram para a chegada do momento “oportuno” e ajudaram a fazer o Natal acontecer. Foi nesse cenário que veio ao mundo o Rei-Salvador. Após ter desenvolvido todo seu “Plano de Natal” através da nação de Israel, no momento certo, numa data que Ele mesmo estabeleceu, Deus enviou Jesus ao mundo para concretizar a pregação do Evangelho e o “Plano da Salvação” (Mt 4:14-17; Jo 3:16-20) como disse Paulo: “Vindo, porém, a plenitude dos tempos, Deus enviou seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei” (Gl 4:4; Ef 1:8-14). Deus enviou Jesus à Terra em uma missão de “busca e resgate”. Ele veio para buscar e salvar o que se havia perdido (Mt 18:11; Lc 5:31-32; 19:10).
Estando tudo pronto para o “primeiro Natal”, o Prometido de Gn 3:15, a Semente da mulher, o Salvador já poderia chegar. Havia condições para a rápida propagação das Boas-Novas de que o Filho de Deus se tornara Homem para salvar os homens dos seus pecados e de seu merecido castigo. Assim, O profeta judeu Isaías havia predito de forma bem concreta, séculos antes do nascimento do Rei-Salvador: “Eis que a virgem conceberá e dará à luz um filho” (Mt 1:23). O sentido mais profundo por trás disso é sério e mostra como era importante o nascimento virginal (2 Co 5:21; 1 Pe 2:21-24; Gl 4:4-5; Hb 2:10-18; 4:15-16; 9:27-28). Seu nascimento em Belém foi predito pelo profeta Miquéias 700 anos antes (Mq 5:2). Belém, de fato, data de muito tempo antes disso na história judaica. Foi ali que o patriarca Jacó sepultou sua esposa Raquel (Gn 35:19). Ali foi a cidade de Noemi, citada no livro de Rute (Rt 1:19), e ali Davi foi ungido rei sobre todo o Israel (1Sm 16:4-13). Nos dias de Jesus, Belém era um pequeno vilarejo cerca de 8 quilômetros ao sul de Jerusalém. A palavra hebraica para Belém significa “casa do pão”. O mundo recebeu seu maior presente quando Jesus, “o Pão da Vida” (Jo 6:35,48-51) nasceu na “casa do pão” (Lc 2:1-6,15; Jo 7:42).
José e Maria fizeram a árdua caminhada de cerca de 150 quilômetros de Nazaré a Belém (Lc 1:26-38; 2:4-5). Não conseguiram alojamento na pequena cidade, que estava lotada de visitantes devido ao recenseamento, eles encontraram refúgio em um humilde estábulo onde Maria deu à luz o herdeiro do trono de Davi, e lhe deram o nome de Jesus (Is 9:6-7; Jr 23:5-6; Mt 1:21; Lc 2:21-32;). O grande amor de Deus pelos pecadores moveu-O a enviar Seu Filho unigênito, Jesus, como bebê, a um estábulo humilde e malcheiroso em Belém. Um estábulo é um lugar improvável para o nascimento do precioso Filho de Deus, do Rei dos reis, todavia, indica a profundidade do amor de Deus e quão longe Ele estava disposto a ir para reconciliar os pecadores Consigo mesmo (Rm 8:32-39; 2 Co 5:18-21; Gl 4:4-7; Fp 2:5-11). Mais incomum do que esses eventos foi a circunstância do nascimento do Rei prometido: a mãe de Jesus era uma virgem, Seu Pai era Deus, o Espírito Santo (Mt 1:18-25; Lc 1:31-35); Ele próprio, o Rei dos judeus e Salvador do mundo, nasceu em uma estrebaria, num estábulo, e uma “manjedoura” foi o primeiro instrumento usado para confirmar sua origem celestial (Lc 2:6-7,10-12).
O Espírito Santo capacitou ao profeta Daniel fazer profecias e a fornecer explicações de sonhos e visões de uma forma jamais vista. Daniel anunciou a futura chegada de um Rei-Salvador vindo de Israel e deixou marcas perenes na Babilônia, um tipo de “evangelho” fora pregado naquele império (Dn 3:23-30; 4:34-37; 6:26-28). Seiscentos anos mais tarde, uma luz sobrenatural, que a Bíblia descreve como sendo uma estrela, brilhou sobre a pequena cidade de Belém, em Israel. Magos e astrônomos, que viviam longe, lá na distante e antiga Babilônia, observaram esse fenômeno celeste e, certamente se lembraram dos escritos de Daniel (Dn 9:24-25). Associando a estrela com o nascimento do Rei prometido. Partiram imediatamente, começando uma viagem de mais de mil quilômetros, que acabaria por levá-los ao encontro do divino Rei. Os magos babilônios, conhecidos como os magos do Oriente, viajaram até Jerusalém, capital de Israel (Mt 2:1-2,9-11; Sl 72:9-11; Is 60:1-6). Os magos conheciam e confirmaram que em eras passadas os profetas de Israel haviam predito a vinda de um Rei-Salvador. O profeta Miquéias, 700 anos antes, chegara a profetizar seu local de nascimento: “em Belém da Judéia”. Os magos sabiam disso, por isso, não procuraram o Rei-Salvador nos palácios. (Mq 5:2; Mt 2:1-12). Desta forma, o próprio Deus usou uma “estrela” como instrumento para confirmar a “Realeza” de Jesus para todos os povos, os gentios (Is 9:6-7; Mt 2:1-2,9-11; Rm 3:29-30; 11:25).
A história do Natal é a história do maior presente que já foi dado à humanidade. Com base em Seu imenso amor, Deus deu ao mundo um Salvador há mais de 2.000 anos. O Natal é a celebração da vinda de Jesus, o Messias, à Terra. Ele veio a um mundo escuro e pecaminoso “como a luz que brilha nas trevas” (Jo 1:5; 3:19-20; 8:12; 9:5; 12:35-36). Sim, Deus fez isso. Isso é a essência e o âmago, o coração de toda a questão sobre o natal. Quando Jesus nasceu, Deus veio até nós com o dom da graça e do perdão de todos os pecados, dando-nos de presente a vida eterna no céu. Isto é o Natal, o verdadeiro Natal, Deus percorreu um longo caminho para nos salvar. Jesus Cristo nasceu com o propósito de morrer para nos salvar do castigo eterno, através de sua morte expiatória Ele satisfez todas as nossas necessidades como pecadores (Rm 6:23). Deus planejou isso, Deus fez isso, Deus diz isso. Tudo procede de Deus, do princípio ao fim (Gn 3:15; Jo 3:16-17; Mt 1:23; 18:11; 1 Tm 2:5-6; 1 Jo 2:2), tendo Jesus realizado sua missão completamente até a cruz no Calvário, refletiu de maneira perfeita o amor de Seu Pai (Jo 3:16; Rm 5:8; Fp 2:5-11; 1 Jo 4:9-10,19).
Sim concordo, com certeza Jesus Cristo não nasceu no dia 25 de dezembro como é comemorado na maioria dos países ou no dia 7 de janeiro nos países eslavos e ortodoxos cujos calendários são baseados no calendário juliano, mas, historicamente, temos a certeza que um dia o Filho de Deus nasceu como um “homem” para nos salvar; e, como vimos na explanação de cunho bíblico, não há nada que justifique o uso de árvore de natal, guirlandas e a figura o “velho Noel” nesta comemoração. Neste sentido, temos sim motivos para comemorar o Natal, não pela data, não da forma que o mundo impõe (enfeites, comida, bebida e presentes), não de uma forma religiosa, mas da forma que a Palavra de Deus determina: com alegria por tamanha salvação (Sl 98:2-3; Lc 2:10-14; Rm 15:9-12). Os símbolos do “Verdadeiro Natal”, são a manjedoura que foi um sinal para os “pastores” de Israel (Lc 2:6-7,10-12), mas que ficou posteriormente vazia; a estrela que guiou e sinalizou aos povos do oriente o nascimento do Rei dos reis (Mt 2:1-2,9-11), mas que já se apagou; temos a cruz, um símbolo para todos que querem ser salvos (Jo 3:14-15; 12:32-33), mas também está vazia e, temos ainda, o sepulcro vazio, para mim é o mais significativo, o símbolo da salvação eterna e a glorificação esperada pelos discípulos de Cristo (Lc 24:5-6; 1 Co 15:12-26).
Temos então o verdadeiro motivo para comemorarmos o Natal, o Deus Eterno e Soberano se humilhou e se manifestou na figura de Servo, nascendo de uma virgem como um bebê, na pessoa de Jesus Cristo (Mt 1:18-23; Jo 1:1-5,10-14). O Deus Salvador nasceu neste mundo, num estábulo, colocado numa manjedoura, cresceu pregou o Evangelho, morreu por nós na cruz para nos salvar, foi sepultado, mas, ressuscitou e seu sepulcro está vazio, subiu aos céus e assumiu novamente sua posição de honra assentando-se em seu trono de glória, de onde esperamos a sua gloriosa volta; neste, no trono, Ele vive por nós! Eis aí o motivo de comemorarmos o “Verdadeiro Natal”! (Fp 2:5-11; Ef 2:4-9; Hb 1:1-6; Ap 4:2-11; 21:5).
Então, feliz natal, o verdadeiro! Que Jesus possa nascer todos os dias nos corações daqueles que ainda não tiveram a oportunidade de conhece-lo pessoalmente como seu Salvador! (Lc 15:10).
Que Deus nos abençoe, e que o Espírito Santo fale aos nossos corações!
Anderson Fazzion,
Coordenador do CIM – WH Brasil
andersonfazzion@gmail.com
Para contato e saber mais sobre o CIM WH Brasil, acesse:
Cuidado Integral do Missionário – WH Brasil.