AMANDA BERRY SMITH
A ex-escrava dos Estados Unidos que se tornou uma pregadora do evangelho.
Amanda Berry Smith (23 de janeiro de 1837- 24 de fevereiro de 1915) foi uma ex-escrava que se tornou uma inspiração para milhares de mulheres tanto negra como branca. Ela nasceu em Long Green, Maryland, uma pequena cidade em Baltimore County. Tornou-se pregadora metodista e uma líder no movimento “Wesleyan-Santidade”, pregando a doutrina da inteira santificação em todas as reuniões campais metodistas em todo o mundo. Também financiou o orfanato Amanda Smith e a Escola Industrial para crianças negras abandonadas e carentes.
Infância e primeiro casamento
O pai de Amanda Berry Smith chamava-se Samuel Berry, e a mãe dela era Mariam Matthews. Ela era a mais velha de treze irmãos. Seu pai era um homem de confiança, e a viúva de seu mestre confiava nele o suficiente para colocá-lo no comando de sua fazenda. Depois que seus deveres do dia eram cumpridos, o Sr. Berry foi autorizado a sair e ganhar um dinheiro extra para ele e sua família. Ficou muitas noites sem dormir fazendo vassouras e esteiras para o mercado de Baltimore para ganhar dinheiro extra. Essa dedicação extra tinha como objetivo comprar sua liberdade e de toda sua família.
Apesar da pobreza de sua educação, Amanda Smith cresceu cercada de orações e leitura da Bíblia. Seu pai fazia uma prática regular nas manhãs de domingo de ler a Bíblia para sua família. Ao contrário de muitas outras crianças e adultos escravizados, Amanda Smith teve o privilégio de aprender desde cedo. Ela e seu irmão mais novo frequentaram a escola aos oito anos de idade.
A escola realizava apenas sessões de verão e, após seis semanas de frequência, a escola foi forçada a fechar. Cinco anos depois, aos 13 anos, eles tiveram outra opção de frequentar a escola. No entanto, a escola ficava a oito quilômetros de sua casa e eles só seriam ensinados se houvesse tempo depois que os professores dessem a aula aos garotos brancos. Os irmãos Smith achavam que não valia a pena viajar no frio para receber aulas apenas se houvesse tempo.
Depois de duas semanas frequentando a escola, eles desistiram e foram ensinados em casa por seus pais e, às vezes, aprenderam sozinhos. Com apenas três meses e meio de escolaridade formal. Sua mãe a ajudou a aprender a ler antes dos oito anos. Amanda cortava as letras grandes dos jornais e pedia sua mãe para transformá-las em palavras.
Conversão e evangelismo
Amanda Smith trabalhou como cozinheira e lavadeira para sustentar a si mesma e sua filha depois que seu marido Calvin M. Devine, com quem teve dois filhos, morreu em 1854 como soldado da União na Guerra Civil. Trabalhando perto de York, Pensilvânia, como empregada de uma viúva com cinco filhos. Embora negra, Amanda Smith assistiu, com esta viúva, um culto na Igreja Metodista Episcopal. Logo após aceitou a Cristo e entregou-se ao serviço da Igreja. Converteu-se ao Evangelho de Cristo em 1856.
Ela se tornou ativa no “Movimento Santidade” (Wesleyan-Holiness) que pregava a doutrina da inteira santificação e exortava todos os crentes, independentemente de sua situação ou status, a compartilhar publicamente sua fé. Amanda Smith, na Igreja Episcopal Metodista Africana (AME) se encontrou com Phoebe Palmer, uma evangelista e escritora metodista que promoveu a doutrina da perfeição cristã, sendo considerada uma das fundadoras do “Movimento Santidade” (Wesleyan-Holiness) dentro do cristianismo metodista.
A oração tornou-se um modo de vida para Amanda Smith, que passou a confiar em Deus para sapatos, dinheiro para comprar a liberdade de sua irmã e comida para sua família. Ela se tornou conhecida por sua bela voz e ensino inspirado e, portanto, oportunidades para evangelizar no Sul e no Oeste se abriram para ela.
Ela se mudou para a Filadélfia em 1863 e se casou com James H. Smith, um diácono de uma Igreja Episcopal Metodista Africana, com quem teve três filhos, dos quais, apenas uma filha, Mazie, sobreviveu à infância. Aos trinta e dois anos, Amanda Smith havia perdido dois maridos e quatro de seus cinco filhos. Participar de acampamentos religiosos e avivamentos ajudou Amanda Smith a superar sua dor e evitar a depressão.
Em 1869, ela pregava regularmente em igrejas afro-americanas em Nova York e Nova Jersey e também para públicos brancos. O sucesso de Amanda Smith em pregar para uma audiência branca em um acampamento de santidade no verão de 1870 a levou a se comprometer inteiramente com o evangelismo.
Viagens missionárias e trabalho social
Embora ela não tenha sido ordenada ou apoiada financeiramente pela Anderson Chapel AME Church ou qualquer outra organização, Amanda Smith se tornou a primeira mulher negra a trabalhar como evangelista internacional, quando em 1878, Amanda Smith conseguiu que sua filha, Mazie, estudasse na Inglaterra. As duas viajaram para o exterior e ficaram na Inglaterra por dois anos. Na viagem, o capitão a convidou para realizar um serviço religioso a bordo e ela foi tão modesta que os outros passageiros espalharam a notícia dela.
Ela serviu evangelizando na Inglaterra, Irlanda, Escócia, Índia e vários países africanos. De 1879 a 1881 ela esteve na Índia, e depois de outra breve estada na Inglaterra, ela partiu em 1881 para a África Ocidental. Por oito anos ela fez trabalho missionário na Libéria e em Serra Leoa. Após outra estada na Grã-Bretanha de 1889 a 1890, ela voltou aos Estados Unidos, onde o ministro metodista Phineas Bresee a convidou para liderar os cultos na Igreja Metodista Episcopal de Asbury em maio de 1891, e pregou nas cidades do leste até 1892, quando se mudou para Chicago.
Ao retornar à sua pátria, Amanda Smith fundou o “Amanda Smith Orphanage and Industrial Home for Abandoned and Institute Colored Children”, uma instituição para as crianças negras pobres e sem amigos, localizado em Harvey, uma comunidade suburbana ao sul de Chicago, inaugurado em 28 de junho de 1899, fornecia um lar para as crianças se tornarem autossuficientes.
Nos primeiros anos do século 20, Amanda Smith continuou a visitar várias nações e ganhou a reputação de “imagem de Deus esculpida em ébano“.
A Plenitude do Espírito
“Pois esta é a vontade de Deus: a vossa santificação, …“ (1 Ts 4:3 ).
Doze anos depois, Amanda Smith foi instruída acerca da Plenitude do Espírito Santo nas vidas dos servos de Deus, pela instrumentalidade do Dr. John Inskip, então avivalista e evangelista, também famoso líder do movimento renovador no século passado. Imediatamente se convenceu da necessidade dessa graciosa experiência na sua própria vida. Estas são as palavras de Amanda Smith a respeito de sua sede do Espírito:
“Comecei a buscar a Plenitude do Espírito Santo. Perguntei a um velho diácono o verdadeiro sentido das palavras ‘puros de coração’. – ‘Filha’, disse-me ele, ‘a pureza de coração vem, com o domínio do Espírito Santo de Deus, que nos convence do pecado, da justiça e do juízo’.
Voltei para casa sentindo mais fome e sede de justiça. Ao convencer-me, porém, da realidade do estado de santidade através do revestimento do Espírito, senti-me plenamente justificada, ou melhor, segura da mediação de Cristo. Não tive mais dúvidas de que era aceita por Deus, de que era uma filha de Deus. Ao converter-me, tive a convicção de culpa e veio o perdão; ao sentir a necessidade de uma ‘vida mais abundante’, veio o revestimento ou a plenitude completa do Espírito Santo de Deus.
Esta segunda bênção veio mesmo como a desejei: do próprio Deus. Lembrei-me das palavras do meu velho instrutor: ‘A santificação é obra do Espírito’. Abri as Escrituras e li: ‘Esta é a vontade do Pai a vossa santificação’. Anteriormente, quando me maltratavam ou me ofendiam e ameaçavam, eu reagia, quando devia entregar tudo a Deus; agora eu tenho a paz completa. Li outra vez: ‘Esta é a vontade do Pai a vossa santificação’.
Novamente ao ser consultado, o diácono amigo me explicou o sentido da mensagem contida no versículo: ‘Oh! Este deve ser o estado natural do povo de Deus enquanto vive neste mundo’. Bem, eu queria viver e trabalhar para Deus, no entanto, quando alguém com ideias contrárias, afirmava que eu nunca atingiria essa vida plena senão depois da morte, então quis morrer e não viver …
Mas Deus me iluminou o coração e cheguei à compreensão de uma entrega total, de uma eterna consagração ao Senhor. Tudo quanto eu possuía era uma bacia e uma tábua de lavar roupa; a minha escravidão e o seu contrapeso de mágoas, dissabores, tristezas e apreensões …
Então resolvi ENTREGAR TUDO ao Deus que me queria, e quando o fiz, APOSSEI-ME, SIM, DA PLENITUDE TÃO DESEJADA!’“.
A verdadeira liberdade
A sabedoria divina tornou-se tão patente na vida de Amanda Berry Smith, a ex-escrava, que ela veio a ser a mais livre das pessoas a quem a VERDADEIRA LIBERDADE poderia ser dada. Tornou-se uma das maiores pregadoras do Evangelho no seu tempo, sendo ouvida e consultada até por ministros e doutores em teologia. Certa ocasião, cinquenta desses homens, foram ouvi-la falar das suas experiências com Deus.
Sim, Ele não faz acepção de pessoas! O Santo Espírito pode encher tanto uma pobre escrava como Amanda Smith, quanto um fino advogado e prestimoso músico como Charles Finney, tanto um Pedro covarde como um Paulo erudito. São dela, a escrava Amanda, estas palavras:
“Podeis fazer a vossa consagração absolutamente COMPLETA e absolutamente PARA SEMPRE. Uma consagração temporária não merece resposta divina. Ela, essa entrega, deve ser TOTAL e absolutamente SINCERA, isto é, de TODO O CORAÇÃO. Eu entreguei TUDO … e foi então que o ESPÍRITO SANTO VEIO E ENCHEU DE VEZ TODA A MINHA VIDA!“
Fim de uma jornada
Em 1893, Amanda Smith publicou sua Autobiografia, cujos rendimentos do livro, junto com suas economias, a renda de um pequeno jornal que publicou e presentes de outras pessoas, permitiram que ela abrisse um lar para órfãos afro-americanos em Harvey, Illinois, em 1899. Por fim, ela retomou a pregação e cantando para sustentar o lar.
Ela também escreveu um jornal mensal, o “Helper”, que aumentou seus esforços de arrecadação de fundos para a escola. Em 1912, quando ela se aposentou na Flórida, o orfanato foi assumido pelo estado de Illinois e denominado Escola Industrial Amanda Smith para Meninas, mas foi destruído por um incêndio em 1918.
Em 1912, devido a problemas de saúde, Amanda Berry Smith se aposentou e foi morar em Sebring, Flórida, onde em 24 de fevereiro de 1915, aos 78 anos, ela faleceu.